Resenha: A Inquilina de Wildfell Hall

1.4.20

“A Inquilina de Wildfell Hall” foi o segundo romance escrito por Anne Brontë, a caçula das irmãs Brontë, publicado em 1848, o livro foi um sucesso, mas também alvo de críticas, uma vez que a jovem Anne publicava sob um pseudônimo masculino e devido ao teor da história, os críticos afirmavam que o autor só poderia ser uma mulher, porque a maneira como os personagens masculinos eram representados era exagerada, isso porque, os personagens se mostram cruéis, viciados, libertinos, entre vários outras péssimas características.

O livro vai narrar a história de Helen Graham, uma jovem viúva que passa a viver em Wildfell Hall, apenas com o filho e uma empregada, e por ser misteriosa e ter um comportamento muito recluso acaba levantado suspeitas na vizinhança. Apesar dessas suspeitas, o jovem Gilbert Markham acaba se apaixonando pela jovem viúva. Após um mal-entendido, Helen resolve entregar seu diário para Gilbert para que ele saiba sua verdadeira história.

A partir do diário de Helen descobrimos que ela vivia um relacionamento abusivo com seu marido, Arthur Huntingdon, um homem que não respeita sua esposa, alcoólatra, libertino e que a tortura  psicologicamente. A vida dela é um inferno, inferno esse que ela enfrenta por ser uma mulher muito religiosa, e claro, por saber que ela não tem nenhuma chance de se libertar daquele relacionamento.

Durante a narrativa de Helen temos contanto não apenas com o marido, mas com os amigos dele, uns que ao meu ver são até piores que ele. Esses personagens trazem um tom pesado a história, cenas de abuso são constantes e até mesmo violência doméstica é retratada. Para mim a grande dificuldade  na leitura foi  com tudo isso, era difícil ler por várias páginas mulheres sendo tratadas como posses, com o qual eles podem fazer o que quiserem.

Apesar do ponto dos abusos ter me incomodado, não consigo dizer que “A Inquilina de Wildfell Hall” é um livro ruim, pelo contrário, o livro é fantástico. Em 1848 Anne Brontë traz a tona o que há de pior na sociedade, expondo o quanto pode ser horrível para uma mulher ter feito a escolha errada na hora de se casar, não tendo como se separar do marido. A autora além disso, ainda cria uma heroína forte que mesmo passando por essa situação não abaixa a cabeça ou se corrompe, ela continua seguindo seus preceitos e enfrenta o marido. Por isso, muitos afirmam que o livro é um dos primeiros romances feministas, o que eu concordo. Me admira ver que Anne Bronte com seus 28 anos, em 1848, tenha escrito uma obra tão poderosa, um alerta as mulheres. O livro tem seus momentos pesados, mas a autora consegue ainda deixar com que um romance aconteça, com seu toque realista, porém ainda sim uma bela história de amor.

“A Inquilina de Wildfell Hall” é um livro incrível que merecia ser mais conhecido, tanto quanto “Jane Eyre” e “O Morro dos Ventos Uivantes”. Anne Brontë na minha opinião tem uma escrita mais poderosa que suas irmãs (e olha que eu acho que Charlotte e Emily são incríveis) por ter um tom mais real. Já quero ler “Agnes Grey”, seu primeiro  livro, e aguardo que ele me encante tanto quanto esse. 

Até o próximo post!

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