Resenha: Crônica da Casa Assassinada

31.7.19
Sinopse:"Crônica da casa assassinada" é a história de uma família em franca derrocada social e moral. Uma história que somente é conhecida pelo relato de seus próprios personagens, por meio de cartas, diários, memórias, confissões, depoimentos, e cujos temas centrais são o adultério e o incesto, a loucura e a decadência. Numa linguagem altamente metafórica, monta-se um esquema estruturalmente complexo, no qual verdade e mentira chegam aos limites do paroxismo.”

Há 9 anos atrás tive meu primeiro contato com “Crônica da Casa Assassinada”, livro do Lúcio Cardoso, publicado em 1959, quando prestei vestibular da UFMG pela primeira vez. Já naquela época, com os meus 19 anos, gostei do livro e de sua história cheia de intrigas, mentiras, ciúmes, inveja, rancores e traições. Porém só agora tive coragem de pegar o livro para reler, e grata foi a surpresa de que a história continuou me agradando, desta vez até mais que da primeira.

O livro narra através de cartas, diários e depoimentos a decadência e extinção da família Meneses, um tradicional família do interior de Minas Gerais. Todo o declínio da família começa quando Valdo, o filho do meio, se casa com Nina, uma jovem do Rio de Janeiro. Nina é totalmente diferentes de todos que vivem na chácara da família e como um furacão, chega para balançar aquele local.

O enredo não é linear, muitas vezes vai e volta no tempo, e apenas uma versão de um fato, uma vez que o narrador é personagem naquela história, e como bem sabemos, narrador personagem não é muito confiável. Só com a chegada do final da história é que todas as cartas são colocadas na mesa e que entendemos como aquela família chegou aquele ponto.

A história é muito boa, cheia de reviravoltas e mistérios, então é impossível não devorar o livro, pra vê até onde aquelas pessoas vão chegar. O livro, apesar de ser dos anos 50 é muito fácil de entender, por isso a leitura flui muito bem.

Um ponto forte deste livro são os personagens todos são muito bem construídos, cheio de camadas e complexos. Outra coisa interessante a respeito dos personagens é que ninguém ali são 100% bonzinhos, eles são muito reais, cheios de defeitos e com atitudes terríveis, mas mesmo assim é impossível não se interessar totalmente por eles.

Gosto de todos os personagens, mas digo isso, porque até mesmo aquele que mais odeio eu consigo ver a beleza na criação feita por Lúcio Cardoso e por isso mesmo consigo gostar daquele personagem. Gosto de Timóteo, o irmão que se esconde no quarto, com certeza meu personagem preferido, gosto de sentir pena de Valdo, o pobre irmão que só cometeu o erro de se apaixonar pela mulher errada, gosto do misterioso Demétrio, com sua raiva por Nina, gosto de detestar Ana, aquela mulher invejosa e rancorosa, gosto da intensidade do André, pobre pecador, e gosto desta vez um pouco menos de Nina, essa mulher cheia de vontades e um pouco cruel.

O livro é todo bom, mas em seus momentos finais alcança a perfeição, é angustiante, claustrofóbico e doentio a sucessão de acontecimentos que levam ao derradeiro fim da família Meneses. O autor conseguiu deixar a maior surpresa da história para o último capítulo, para ser mais exata em seus últimos parágrafos e é chocante ver o que o rancor foi capaz de causar.

“Crônica da Casa Assassinada” é um livrão, daqueles que merecem ser lidos, mesmo aquelas pessoas que viram a cara para literatura brasileira precisam conhecer essa história incrível. Com certeza entrou para a lista de melhores livros que eu já li na vida.

Até o próximo post!

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