Sou formada em Jornalismo e durante a faculdade aprendi sobre o livro-reportagem, que é um gênero literário e jornalístico que narra uma detalhada e extensa reportagem, que não seria suportada pelas mídias convencionais, como jornal e revista. Como exemplo do gênero, um professor passou "Rota 66 - A História da Polícia que Mata" do Caco Barcellos para lermos. Eu com os meus 20 poucos anos, me encantei pelo livro e pelo gênero, era esse tipo de reportagem que eu queria fazer, afinal, isso une duas das minhas paixões, o jornalismo e a literatura.
O Caco Barcellos vai narrar aqui a história dos policiais militares de São Paulo que vivem para matar, principalmente pobres, periféricos, pretos e pardos. Ele vai contar tudo o que descobriu em anos de investigação, sobre uma polícia que condecora assassinos, os números absurdos e te mostrar que nem todo bandido morto pela polícia é um criminoso perigoso.
O livro começa a partir do assassinato de 4 jovens da classe média de São Paulo, filhos e netos de pessoas importantes, que foram perseguidos pela Rota 66 e covardemente assassinados. O assassinato desses jovens, tão diferentes do padrão de vítimas da Rota, chama atenção e é a partir desse ponto que o jornalista começa a investigação para descobrir quem são os policiais matadores.
Apesar de ser um livro de uma história real, permeado de dados, "Rota 66" não é nada massante, Caco Barcellos conta uma história como ninguém e já no início te prende com o relato da perseguição e dos jovens assassinados. E mesmo quando ele te apresenta dados, ele coloca uma história para ilustrá-los, as histórias das vítimas da polícia.
Se lá atrás, quando li esse livro e tinha o pensamento de que bandido bom é bandido morto, esse livro foi uma porrada, agora, que sou outra pessoa, a leitura foi ainda mais forte. Hoje entendo o quanto é problemática a política de extermínio da polícia e que nem sempre "bandido" bom é bandido morto, muitas vezes nem bandido ele é.
Rota 66 é um livro extremamente necessário, daquelas leituras que de tempos em tempos eu vou refazer, um debate que infelizmente ainda é atual.
Até o próximo post!
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